quarta-feira, 22 de maio de 2019

Reflexão sobre os nossos irmãos separados


Tem uns sites católicos por aí dizendo que os protestantes não são nada além do que um bando de hereges completamente afastados da graça de Deus, e nem mesmo podem ser chamados de cristãos. Se você pensa assim, você está contra a doutrina católica, sim, amiguinho!
É preciso saber que:
  • a Igreja Católica reconhece como VÁLIDO o batismo ministrado em algumas comunidades protestantes;
  • a encíclica Dominus Iesus afirma que os membros de outras religiões, ainda que de forma GRAVEMENTE deficitária, podem receber a graça de Deus – pois muitos não têm culpa de serem ignorantes quanto à verdadeira fé;
  • São Paulo ensina que até mesmo os pagãos, apesar de não terem tido contato com a lei de Deus, muitas vezes fazem o que a lei manda, quando são fiéis à sua consciência (Rom 2,13-15);
  • fora da Igreja não há salvação (já explicamos esse dogma aqui), e, junto a isso, também é verdade “para se obter a salvação, não se exige a incorporação real (reapse), como membro, à Igreja, mas é exigido, pelo menos, a adesão a esta pelo voto e o desejo(...). Se o homem sofre de ignorância invencível, Deus aceita um voto implícito, assim chamado porque contido naquela boa disposição da alma com a qual o homem quer a sua vontade conforme à vontade de Deus.” (Carta do Santo Ofício ao Arcebispo de Boston, 1949. Denzinger, 3866 -3872).
A comunidade evangélica sul-africana que come capim durante o culto...

Nós católicos devemos saber conciliar a necessária luta contra a heresia protestante com o devido amor e respeito aos nossos irmãos separados. Até mesmo sabendo identificar as oportunidades de colaboração mútua em "questões sociais e técnicas, culturais e religiosas" (S. João Paulo II, Redemptoris Missio). 
Que a Deforma Protestante foi obra do capeta, isso nós temos que deixar claro (não foi reforma, foi deforma mesmo!). Ainda assim, algo de católico os protestantes conservaram – o Novo Testamento foi compilado pelos católicos, afinal. E é essa parcela de herança católica que Deus pode usar para realiza a Sua obra.

Aliás, nem todo protestante é herege, no sentido mais amplo do termo. Existe uma diferença entre crer em uma doutrina errada por ignorância invencível (heresia material), e entre rejeitar a verdade por puro orgulho, covardia e teimosia (heresia formal).
Nas comunidades protestantes, os pastores, bispos e apóstolos não possuem poder sacerdotal algum - pois não possuem sucessão apostólica. E, mesmo assim, muitos deles agem de reta consciência, buscando com sinceridade serem fiéis a Jesus.
 “Uma coisa é o herege pai, fonte da heresia. Outra coisa são os membros das comunidades eclesiais herdeiras desse heresiarca (os batistas, os presbiterianos, assembleianos, etc.) que nasceram e cresceram nessa cultura sem nunca conhecer outra coisa E que, com aquilo que receberam (e que em grande parte é algo herdado do catolicismo de onde um dia se desmembraram) fazem o que podem, por vezes dando muito mais frutos que nós próprios que comemos à mesa do Pai”.


Mas infelizmente, grande parte das denominações se afastaram de forma tão drástica do Evangelho, que já nem mesmo podem ser chamadas de cristãs: são paracristãs, ou seja, arremedos medonhos do cristianismo.
Como a igrejola do pastô que dá surra de terno...
As comunidades que abençoam uniões  gay.. 

A seita que promove a lipoaspiração de Jesus para emagrecimento...

Enfim, o rol de aberrações é interminável! Algumas comunidades chegam até mesmo a negar a divindade de Jesus, como é o caso das Testemunhas de Jeová. Não é à toa que Lutero reconheceu a besteira que fez, ao ensinar que qualquer um pode interpretar a Bíblia.
Também muitos protestantes fazem uma escolha livre pela ignorância; nesse caso, o caminho da perdição é quase certo. Mesmo assim, o julgamento está nas mãos de Deus.

Lutero e Calvino reconheciam Maria como Mãe de Deus e sempre Virgem



Pensem numa bola de neve: quanto mais ela rola montanha abaixo, maior ela vai ficando. Assim é a heresia protestante: lá pelo século XVI, ela explodiu com Lutero e Calvino, mas não ficou só nos erros de sua origem: quanto mais o tempo ia passando, novos erros iam se somando à heresia original.
Por exemplo: os primeiros reformadores deformadores protestantes ensinavam que Maria é Mãe de Deus e acreditavam em sua virgindade perpétua. Mas como a onda do protestantismo é protestar e dividir, já no tempo de Lutero começaram a surgir protestantes discordando desses ensinamentos.
E é assim até hoje. Enquanto a doutrina Católica permanece sempre íntegra e fiel à herança dos Apóstolos, as seitas protestantes inventam uma heresia nova a cada dia.
Tem dado muito o que falar um vídeo do pastor Claudio Duarte, figurinha fácil em programas de TV. No tal vídeo, falando a um grupo de protestantes, ele se gaba de ter atacado os dogmas marianos dentro de uma igreja católica (uma paróquia em BH), na qual teria sido convidado a pregar.
O pastor despreza a crença católica na virgindade perpétua de Maria e fala que ela não poderia ser Mãe de Deus, pelo simples fato de que ninguém pode ser mãe de alguém que é mais velho do que ela.
Achei que todo o cristão deveria estar acostumado com o fato de que os mistérios de Deus nem sempre são tão óbvios assim. Naquele tempo, ninguém poderia ser mãe sem fazer sexo, e, no entanto, os protestantes também creem que Maria engravidou de Jesus sendo virgem.
Um cristão que nega que Maria é Mãe de Deus deve, necessariamente, achar que Isabel estava errada quando disse: 
"Donde me vem esta honra de vir a mim a MÃE DO MEU SENHOR?" (Lucas 1,43).
Os protestantes se gabam tanto se seguirem a Bíblia, mas não conseguem aceitar essa revelação tão clara da Palavra?
O próprio Lutero explica de forma muito simples que não se pode separar a natureza humana de Cristo de sua natureza divina. Se Jesus era Homem e Deus ao mesmo tempo, é lógico que Maria não carregou em seu ventre somente o “Jesus homem”: ela gerou e deu à luz o Deus Encarnado. Quem quiser, pode chorar, se rasgar, morder!

“Deus não recebeu sua divindade de Maria; todavia, não segue que seja consequentemente errado afirmar que Deus foi carregado por Maria, que Deus é filho de Maria, e que Maria é a Mãe de Deus. Ela é a Mãe verdadeira de Deus, a portadora de Deus. Maria amamentou o próprio Deus; ele foi embalado para dormir por ela, foi alimentado por ela, etc. Para o Deus e para o Homem, uma só pessoa, um só filho, um só Jesus, e não dois Cristos. Assim como o seu filho não são dois filhos...”
Martinho Lutero. Nos Conselhos e na Igreja. Ano 1539 Sobre a virgindade perpétua de Maria, Lutero esclarece:
"Agora, a questão sobre a qual que temos que nos debruçar é sobre como Cristo poderia ter irmãos, se Ele era o filho único da Virgem Maria, e a Virgem não teve outros filhos além dele. Alguns dizem que José foi casado antes de seu casamento com Maria... Mas eu estou inclinado a concordar que 'irmãos' realmente significa 'primos' aqui, pois a Sagrada Escritura e os judeus sempre chamam os irmãos de primos.
MARTINHO LUTERO. Luther’s Works, Vol. 22. St. Louis: Concordia Publishing House, 1957. Translated by Martin H. Bertram. pp. 214-15

“E ele não a conheceu até que ela deu à luz um filho”: muitos protestantes usam essa passagem para argumentar que o ATÉ QUE indicaria que dali em diante José “conheceria” a sua esposa Maria. Calvino explica que essa conversa é furada:
"Houve certas pessoas que quiseram sugerir a partir desta passagem [Mt 1,25] que a Virgem Maria teve outros filhos além do Filho de Deus, e que José se relacionou intimamente com ela depois; mas que estupidez! O escritor do evangelho não teve a intenção de registrar o que aconteceu depois; ele simplesmente quis deixar bem clara a obediência José (...). Ele, portanto, nunca habitou com ela nem compartilhou de sua companhia (...). Além disso, Nosso Senhor Jesus Cristo é chamado o primogênito. Isso não é porque houve um segundo ou um terceiro filho, mas porque o escritor do Evangelho está destacando sua precedência."
João Calvino. Sermão sobre Mateus 1,22-25. Ano 1562 (Max Thurian. Mary: Mother of All Christians (translated by Nevill B. Cryer, New York: Herder & Herder, 1963, pp. 39-40)

Bem, mas vocês sabem: a bola de bosta, quer dizer, a bola de neve de heresias vai continuar rolando ladeira abaixo, até se espatifar. Enquanto isso, vamos seguindo firmes na barca de Pedro, que balança mas nunca afunda!
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Divorciados e casais em 2ª união: e agora, como se salva?



"...desde o princípio da criação, Deus fê-los homem e mulher. Por isso, o homem deixará seu pai e sua mãe para se unir à sua mulher, e serão os dois um só. Portanto, já não são dois, mas um só. Pois bem, o que Deus uniu não o separe o homem."
De regresso a casa, de novo os discípulos o interrogaram acerca disto. Jesus disse: "Quem se divorciar da sua mulher e casar com outra, comete adultério contra a primeira. E se a mulher se divorciar do seu marido e casar com outro, comete adultério."
Marcos 10,1-12

Quem poderá contestar estas palavras do Mestre? A doutrina do Evangelho sobre a indissolubilidade do matrimônio é claríssima. Por fidelidade a ela, a Igreja foi obrigada a perder um reino inteiro – a Inglaterra –, quando se recusou a declarar a nulidade do casamento do Rei Henrique VIII (que, então, chutou ou eliminou todos os católicos fiéis ao Papa do país e fundou a Igreja Anglicana).
E se engana quem pensa que os votos de um casamento “para sempre” – Ate que a morte os separe - escandalizam somente a sociedade contemporânea: quando Jesus disse essas coisas aos seus discípulos, eles ficaram bastante contrariados:
"Seus discípulos disseram-lhe: Se tal é a condição do homem a respeito da mulher, é melhor não se casar!" - Mateus 19,10

Pelos motivos mais diversos, muitos casais não são capazes de cumprir os votos que fizeram no altar. Por isso, nas nossas paróquias e comunidades de fé, há muitas pessoas que carregam a ferida de um divórcio, e se sentem excluídas por terem se casado novamente e estarem impedidas de comungar.
Pontualmente, estes são os fatos:
  • O plano de Deus é que, uma vez unidos pelo Sacramento do Matrimônio, os casais fiquem juntos até que a morte os separe;
  • Em alguns casos muito específicos, a Igreja pode reconhecer, por meio do Tribunal Eclesiástico, que a união jamais existiu de fato, sendo o matrimônio nulo. Obviamente, a maioria das separações não se enquadra nestes casos específicos, e os casais não podem obter o reconhecimento de nulidade;
  • Pessoas divorciadas podem, sim, comungar, desde que vivam em absoluta castidade (sem praticar relações sexuais) sim, FOREVER ALONE, por amor a Jesus!);
  • Uma vez tendo casado na Igreja, as pessoas divorciadas que tenham se unido a outra pessoa (seja por meio de namoro, casamento no civil ou ajuntamento) NÃO podem comungar, pois estão em pecado mortal.
Esse é um problema pastoral extremamente delicado. Por exemplo: certa pessoa, que acabou de se converter ou de se reaproximar da Igreja, está unida pela segunda vez há anos, tendo até mesmo gerado filhos na nova união. Não dá pra simplesmente virar pra ela e dizer: “Separe-se de quem você está agora e volte para quem você se casou primeiro". A princípio, este será o melhor caminho, mas não se trata de uma fórmula matemática exata, capaz de solucionar todos os casos.

Que drama! O que fazer? Como orientar estas pessoas? Multiplicam-se os dilemas, as mágoas, cresce o sentimento de exclusão, e muitos não sabem o que dizer aos casais nessa situação. Como o próprio Papa disse recentemente, NÃO HÁ RECEITAS SIMPLES.
Em junho de 2012, Bento XVI abriu a possibilidade de pessoas em segunda união poderem viver a comunhão espiritual com Jesus, ainda que não possam receber a Eucaristia.
Pessoas em estado de pecado mortal não podem estar unidas a Cristo e à Igreja de modo algum! Sim, é verdade! Daí a importância de alertar os fiéis - especialmente os namorados, noivos e casados - sobre a grande responsabilidade do matrimônio e a gravidade do divórcio, acompanhando-os também de forma preventiva. Entretanto, Bento XVI parece indicar que só Deus pode avaliar a fundo determinadas situações.
É impossível julgar todas as família de segunda união aplicando a lei de modo farisaico. A princípio, estas pessoas estão, sim, em pecado mortal; porém, estas relações são tão complexas que pode haver aí "atenuantes" que só Deus conhece. Daí a possibilidade da comunhão espiritual, apontada pelo pontífice.