quarta-feira, 22 de maio de 2019

Divorciados e casais em 2ª união: e agora, como se salva?



"...desde o princípio da criação, Deus fê-los homem e mulher. Por isso, o homem deixará seu pai e sua mãe para se unir à sua mulher, e serão os dois um só. Portanto, já não são dois, mas um só. Pois bem, o que Deus uniu não o separe o homem."
De regresso a casa, de novo os discípulos o interrogaram acerca disto. Jesus disse: "Quem se divorciar da sua mulher e casar com outra, comete adultério contra a primeira. E se a mulher se divorciar do seu marido e casar com outro, comete adultério."
Marcos 10,1-12

Quem poderá contestar estas palavras do Mestre? A doutrina do Evangelho sobre a indissolubilidade do matrimônio é claríssima. Por fidelidade a ela, a Igreja foi obrigada a perder um reino inteiro – a Inglaterra –, quando se recusou a declarar a nulidade do casamento do Rei Henrique VIII (que, então, chutou ou eliminou todos os católicos fiéis ao Papa do país e fundou a Igreja Anglicana).
E se engana quem pensa que os votos de um casamento “para sempre” – Ate que a morte os separe - escandalizam somente a sociedade contemporânea: quando Jesus disse essas coisas aos seus discípulos, eles ficaram bastante contrariados:
"Seus discípulos disseram-lhe: Se tal é a condição do homem a respeito da mulher, é melhor não se casar!" - Mateus 19,10

Pelos motivos mais diversos, muitos casais não são capazes de cumprir os votos que fizeram no altar. Por isso, nas nossas paróquias e comunidades de fé, há muitas pessoas que carregam a ferida de um divórcio, e se sentem excluídas por terem se casado novamente e estarem impedidas de comungar.
Pontualmente, estes são os fatos:
  • O plano de Deus é que, uma vez unidos pelo Sacramento do Matrimônio, os casais fiquem juntos até que a morte os separe;
  • Em alguns casos muito específicos, a Igreja pode reconhecer, por meio do Tribunal Eclesiástico, que a união jamais existiu de fato, sendo o matrimônio nulo. Obviamente, a maioria das separações não se enquadra nestes casos específicos, e os casais não podem obter o reconhecimento de nulidade;
  • Pessoas divorciadas podem, sim, comungar, desde que vivam em absoluta castidade (sem praticar relações sexuais) sim, FOREVER ALONE, por amor a Jesus!);
  • Uma vez tendo casado na Igreja, as pessoas divorciadas que tenham se unido a outra pessoa (seja por meio de namoro, casamento no civil ou ajuntamento) NÃO podem comungar, pois estão em pecado mortal.
Esse é um problema pastoral extremamente delicado. Por exemplo: certa pessoa, que acabou de se converter ou de se reaproximar da Igreja, está unida pela segunda vez há anos, tendo até mesmo gerado filhos na nova união. Não dá pra simplesmente virar pra ela e dizer: “Separe-se de quem você está agora e volte para quem você se casou primeiro". A princípio, este será o melhor caminho, mas não se trata de uma fórmula matemática exata, capaz de solucionar todos os casos.

Que drama! O que fazer? Como orientar estas pessoas? Multiplicam-se os dilemas, as mágoas, cresce o sentimento de exclusão, e muitos não sabem o que dizer aos casais nessa situação. Como o próprio Papa disse recentemente, NÃO HÁ RECEITAS SIMPLES.
Em junho de 2012, Bento XVI abriu a possibilidade de pessoas em segunda união poderem viver a comunhão espiritual com Jesus, ainda que não possam receber a Eucaristia.
Pessoas em estado de pecado mortal não podem estar unidas a Cristo e à Igreja de modo algum! Sim, é verdade! Daí a importância de alertar os fiéis - especialmente os namorados, noivos e casados - sobre a grande responsabilidade do matrimônio e a gravidade do divórcio, acompanhando-os também de forma preventiva. Entretanto, Bento XVI parece indicar que só Deus pode avaliar a fundo determinadas situações.
É impossível julgar todas as família de segunda união aplicando a lei de modo farisaico. A princípio, estas pessoas estão, sim, em pecado mortal; porém, estas relações são tão complexas que pode haver aí "atenuantes" que só Deus conhece. Daí a possibilidade da comunhão espiritual, apontada pelo pontífice.

Nenhum comentário: