terça-feira, 13 de abril de 2010

A incrível história da sopa de feto

ATENÇÃO: AS IMAGENS SÃO FORTES, AINDA QUE PAREÇAM MONTADAS. AOS MAIS SENSÍVEIS, SUGIRO QUE PAREM NO TEXTO.

Eu já havia recebido uma ou outra imagem dessas há tipo uns dois anos, num desses e-mails do conhecido do conhecido que chegam na nossa caixa de entrada e que a gente nem dá atenção de tanto receber spam. Achei de mau gosto. Falava de uma certa sopa de feto, que moradores do Sul da China, provavelmente Guangdong e Taiwan (os caras por lá comem de tudo, eu sei, mas por favor...), tomavam para aumentar a potência sexual. Não dei a mínima e achei que era totalmente lenda urbana e que as fotos eram armação. É aquela coisa de comunista comendo criancinha, pensei.

E qual não foi a minha supresa quando, há coisa de uns meses, me deparei com o blog do estudante Yu Miao, amigo de um jornalista chinês (aqui, mas tem que se registrar), que decidiu ir até a cidade de Foshan, em Guangdong, verificar até que ponto essa história era verdade. Pois o cara viajou até a cidade e conversou com moradores locais, que disseram que não apenas a história é verdade, como muita gente (na região e em Taiwan) toma a sopa de feto numa espécie de ritual macabro, escondidos da polícia.

O jornalista conversou com um sujeito de 62 anos (ao lado de uma garota de 19), me parece que um pequeno empresário taiwanês, que afirma tomar regularmente a sopa, fácil de fazer, segundo ele, porque o aborto é um procedimento usual na China. Algumas mulheres chegam a vender o feto, que deve ter até seis meses. A sopa é feita com ervas da medicina tradicional chinesa que, acredita-se, aumentam a potência sexual, tipo bajitian, dangshen, o conhecido chinese wolfberry, entre outras mais populares, como gengibre. E leva outras carnes também, como galinha e porco.

Em Foshan, ele foi até o restaurante (de fachada tipo cozinha regional), cujo dono, o senhor Li, disse que não tinha costela (a senha para quem quer a tal da sopa) naquele momento. Depois, aos sussurros, avisou que conhecia uma casal de migrantes cuja mulher estava no oitavo mês de gravidez. Como o casal já tinha duas filhas, eles planejavam vender o feto para um laboratório ou para o restaurante, de modo que pudessem pagar pelo aborto e evitar a multa imposta pelo governo chinês para quem burla a política do filho único. A sopa, disse o tal senhor Li, custa 3.500 yuans (US$ 515).

O jornalista passou a semana entrevistando moradores do local e, ainda que poucos tivessem sequer visto a tal da sopa, praticamente todos sabiam que ela existia e algumas pessoas a tomavam. Quando o jornalista estava para deixar a cidade, o tal microempresário falou com ele que uma "mercadoria nova" havia chegado e vários conhecidos estavam prontos para experimentá-la. Na mesa, ele descobriu estarrecido que os fetos custam entre 300 yuans e 500 yuans.

No post, o jornalista disse que visitou a cozinha e, com base no que viu, pode atestar que as imagens divulgadas na internet (de outro momento de preparo da sopa) são verdadeiras. O post provocou uma enxurrada de comentários indignados de chineses horrorizados com a tal sopa de feto macabra. Os que acrditam na história culpam a política do filho único e a forte superstição do povo chinês pela lamentável prática.

Nunca li nada sobre isso na imprensa estatal chinesa e quem me avisou do post e me mandou as imagens foi meu tradutor, dizendo que a história estava repercutindo horrores entre os estudantes da sua universidade.


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